Meus oito anos
Casimiro de Abreu (1839-1860)
(Casimiro José Marques de Abreu)
Extraído de “As primaveras”, 1859
(Casimiro José Marques de Abreu)
Extraído de “As primaveras”, 1859
Nota do blogger : poema descreve um mundo que não existe mais. Quando
o mundo e as pessoas eram mais puras, ingênuas,
esperançosas. É um poema saudosista e bastante “rural”. Descreve uma infância dourada,
uma vida despreocupada de criança abastada e bem cuidada.
Casimiro de Abreu faleceu em 1860 aos 21 anos de idade, vitima da tuberculose. Teve uma vida intensa, morando em várias cidades do Brasil e Portugal, longe da família.
Casimiro de Abreu faleceu em 1860 aos 21 anos de idade, vitima da tuberculose. Teve uma vida intensa, morando em várias cidades do Brasil e Portugal, longe da família.
Poema bem recitado por Silvio Matos neste tube (apesar do chiado da
trilha sonora) :
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida
Da minha infância querida
Que os anos não trazem, mais!
Da aurora da minha vida
Da minha infância querida
Que os anos não trazem, mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Como são belos os dias
Do despontar da existência!
Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
Do despontar da existência!
Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é lago sereno,
O céu — um manto azulado,
O mundo — um sonho dourado,
A vida — um hino d'amor!
Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d'estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!
Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!
Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberto o peito,
Pés descalços, braços nus
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberto o peito,
Pés descalços, braços nus
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!
Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava as Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Casimiro de Abreu |
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