Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades...
Luiz de Camões (Lisboa, 1524 – 1580)
(Luiz Vaz de Camões)
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já foi coberto de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor* espanto:
Que não se muda já como soía *.
· Mor - maior
· Soía – (português arcaico) – pretérito imperfeito, terceira pessoa do singular do verbo soer, “ter por costume”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário