domingo, 15 de fevereiro de 2015

O Palácio da Ventura-Antero de Quental

O Palácio da Ventura

Antero de Quental (Açores, 1842 – 1891)
(Antero Tarquinio de Quental)

Sonho que sou um cavaleiro andante.
Por desertos, por sóis, por noite escura,
Paladino do amor, busco anelante (1)
O palácio encantado da Ventura!

Mas já desmaio, exausto e vacilante,
Quebrada a espada já, rota a armadura...
E eis que súbito o avisto, fulgurante
Na sua pompa e aérea formosura !

Com grandes golpes bato à porta e brado:
“Eu sou o Vagabundo, o Deserdado...
Abri-vos, portas de ouro, ante meus ais! “

Abrem-se as portas d'ouro com fragor...
Mas dentro encontro só, cheio de dor,
Silêncio e escuridão - e nada mais!

Antero de Quental, in "Sonetos"

(1) Anelante – desejoso, ansioso

 

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