quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

A morte do jangadeiro

Extraído de “Principe dos Poetas Cearenses”, 1955

Padre Antonio Tomas

 

Ao sopro do terral abrindo a vela,

Na esteira azul das águas arrastada,

Segue veloz a intrépida jangada,

Entre os uivos do mar que se encapela.

 

Prudente, o jangadeiro se acautela

Contra os mil acidentes da jornada;

Fazem-lhe, entanto, guerra encarniçada

O vento, a chuva, os raios, a Procela.

 

Súbito, um raio o prostra e, furioso,

Da jangada o despeja na água escura

E, em brancos véus de espuma, o desditoso

 

Envolve e traga a onda intumescida,

Dando-lhe, assim, mortalha e sepultura

O mesmo Mar que o pão lhe dera em vida

 

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