quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

O elefante e as formigas (Gustavo Barroso)

A formiga e o elefante - Gustavo Barroso

Tendo um elefante, ao passar pelas veredas da floresta, esmagado sem ver uma fila de formigas, estas ficaram muito tristes, mandaram-lhe as mais argutas do formigueiro em embaixada, para pedir-lhe que, quando andasse por aqueles lados, prestasse um pouco de atenção aos seus passos, evitando matar bichos que lhe não faziam o menor mal.
As formigas embaixadoras treparam a um tronco de árvore, a fim de falar ao elefante; porém, quando ele viu o seu pequenino tamanho e a sua fraqueza, encheu-se de desprezo e metendo a tromba num charco, aspirou a água, que sobre elas soprou num jato, matando-as todas.
Todo o formigueiro ficou furioso com a morte das suas embaixadoras e declarou guerra ao elefante, que recebeu essa notícia às gargalhadas.
Contudo, à noite, enquanto dormia, as formigas, em aluvião, vieram roer-lhe a planta dos pés. Pela manhã, mal começou a andar, o elefante sentiu dores nas solas das patas, não agüentou a aspereza do saibro e correu para uma lagoa.
As formigas tinham cavado túneis subterrâneos nas duas margens. Ao peso do paquiderme, o terreno abateu e ele despejou-se da ribanceira nas águas fundas, onde pereceu afogado.
E as formigas ajudaram a devorar-lhe o corpo imenso.

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Gustavo Barroso Elefante e a Formiga Antologia de Contos Língua Portuguesa

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